sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Júlia

Faz tempo que não vejo a Júlia. Ela vinha muito aqui visitar a Helena. Passavam horas na piscina, mergulhando, conversando e rindo alegremente. Inventavam danças com direito a shows; e brincadeiras que só elas entendiam. Ficavam horas dentro do quarto-freezer - o quarto da Helena, com o ar condicionado a mil.
 Depois de alguns dias a sereiazinha já estava com os cabelos verdes de cloro, um charme a mais. Helena e ela sempre gostaram de cabelos longos, mas no verão e em férias no Rio, acabavam um tanto descabeladas, vermelhas e descascando (a Helena mais descabelada e menos vermelha, tostava logo.) Protetor solar direto, mas a menina sempre foi tão branquinha...
Chegava para as férias linda, toda produzida pelas ideias da mãe e dela própria que sempre foi muito independente. Quando voltava para Minas estava destruída, sujigada pelo sol, praia, piscina e pelas noites  acordada com a Helena, fazendo o quê nem me pergunte. O assunto nunca acabava! Eu ficava até um pouco envergonhada de devolvê-la assim, mas sabia que ela estava feliz!
Os quatro primos - Juju, Helena, Gabriel e Frederico - aprontaram muito. Para mim era uma alegria, acostumada que fui a vida toda com a casa cheia de gente, todo mundo falando alto e gesticulando.
Aqui quase tudo era permitido - tomar sorvete e picolé até não poder mais, comer fornadas de pão de queijo e coca-cola e sanduiches e pipoca ...e o que mais gente?
Mas o tempo, ah o tempo. Passou e virou passado. Hoje cada um com sua vida, novos amigos e novos projetos - já estão todos trabalhando - tem pouca chance de repetirem aqueles dias. Mas se lembram, com certeza se lembram; e serão primos para sempre! Depois que Helena mudou-se para São Paulo e ela própria só vem para ficar dois ou três dias não tem mais jeito de juntar aquela meninada. 
Lembro- me bem de que a Júlia às vezes ficava pensativa, triste mesmo; eu perguntava: que foi, menina e ela - nada, tia... . depois de um tempo, ela voltava a ser alegre e divertida. Penso que eram momentos de melancolia tão frequentes em nossa família. Mas como sempre dizia para Helena nos maus momentos - vai passar, vai passar.
A vida é ilusão e acreditem ou não, muitas são as histórias para contar!

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