Tenho uma topiária muito graciosa no jardim, velhinha e em forma de mico, que sempre me encantou. Queria restaurá-la e procuro alguém aqui no Rio que faça esta arte, mas mesmo pela internet está difícil.
O Felipe, meu gatinho de 14 anos, aliás, meu não, da Helena, presente da Tiaberé quando ela fez 7 anos, está muito doente. Tenho esperanças de que ele se recupere, é um gatinho muito valente. Desde pequeno, sempre foi à rua e por conta disso já se meteu em muitas encrencas.
Há uns 10 anos, (ainda morávamos no Novo Leblon,) chamei por ele, que não respondeu nem veio rápido encontra-se comigo. Esperei um pouco, chamei de novo. Saí pelo condomínio procurando e chamando, quem me viu certamente pensou -" lá vai a maluca! ". Dia seguinte e nada do bichano voltar. Falei com todo mundo que encontrei, pensava que ele poderia ter morrido, mas voltava a procurá-lo quando me lembrava de que se estivesse vivo, estaria assustado ou ferido.
Soube que ali perto morava um outro maluco, que passava algumas noites da semana tentando engaiolar gatos vadios; esses que todo mundo acha que pode ir deixando assim, pelos condomínios, famílias inteiras de felinos meio mortas, abandonadas à sorte fortuita de alguma criança apaixonar-se por algum deles e levar para casa. Os mais fortes acabavam sobrevivendo e por sua vez tinham seus filhotes e tudo se repetia. O rapaz caçava os gatos para levá-los para cuidados veterinários, depois castração e então colocá-los para adoção. Tarefa difícil e muito corajosa. Eu mal posso ver fotografias de bichos abandonados em portas de pet shops que já fico toda lacrimosa.
Daquela vez o meu bicho tinha me abandonado e faz tempo que decidi não deixar que me abandonem impunemente.
Resumindo, fui atrás do rapaz e pedi a ele que se, em seus passeios noturnos, encontrasse um gatinho cinzinha, com peito branco e rabinho quebrado, que me avisasse, era o meu!
Confesso que já estava resignada, na terceira noite...
O telefone tocou lá pelas três da manhã. O moço tinha visto um gato diferente em um terreno baldio, na rua paralela a minha. Deixamos a Helena dormindo (com um bilhetinho explicativo caso ela acordasse) e fomos Miguel e eu, felizes, oba, só pode ser ele, só pode ser ele.
Com a lanterna vimos no meio do mato um bichano meio malhado, meio amarelo... eu não acreditava. Resolvi chamar, quem sabe era uma camuflagem?
Chamei e o Felipe respondeu....mas de cima do telhado da casa ao lado do terreno baldio!!!
Ficamos conversando os três no meio da rua e eu chamava o Felipe e ele preso lá em cima sem conseguir descer... A porta da sacada do segundo andar da casa se abriu e um casal meio tonto de sono, cabelos desgrenhados, apareceu. Falei com os dois com muito jeito, se me permitiam por favor, buscar meu gatinho e eles disseram que ele estava lá havia três noites, miando miando...já pensaram? Que bom alguém acabar com aquela tortura!
Entramos rapidamente (lindos quadros na parede!) e fomos na parte de trás da casa onde o telhado era mais baixo. Subi em uma mureta e o chão duro me esperava uns dez metros abaixo. Chamei e o Felipe veio e eu quase encostava nele, faltavam centimetros. Naquele equilíbrio precário resolvi subir nos ombros do Miguel, assim conseguiria alcançá-lo. Mas quando me viu tão perto, com medo de cair, o gato não se aproximava tanto. Ofereci um biscoitinho e ele estava faminto e eu quase pegava e ficamos nisso minutos intermináveis, pelo menos para o Miguel que me equilibrava nos ombros.
Num impulso temerário, consegui agarrá-lo por um braço e puxei com força, ele caiu em cima de mim e eu desci dos ombros do Miguel; nós tres estressadíssimos e saímos da casa agradecendo muito, diante do olhar aliviado do casal.
O Felipe ficou bem depois de um banho, muito carinho, comida e água.
No dia seguinte, quis oferecer aos donos da casa, um agrado e fui a uma floricultura muito especial, onde conheci as topiárias. Eram bichos vários ou outros arranjos interessantes . Eu fiquei com o tal mico que tenho até hoje e levei para os anfitriões do Felipe uma topiária de gatinho, muito simpática. Mandei entregar com um cartão, agradecendo por nós quatro!
Durante toda aquela semana, várias vezes me peguei cantando uma variante de uma canção infantil:
"Faz três noites que não durmo, ô Lalá, pois perdi o meu gatinho."
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