Caminhando, quase chegando a um ponto de ônibus, vi descer da condução duas mocinhas de hábito. Elas caminhavam uns 5 metros a minha frente e eu podia ouvir os sons de uma conversa animada e risadinhas divertidas. Acertei meu passo com o delas, tentando manter a mesma distância. Só as via de costas, elas vestiam uma túnica rosa-perdido, amarrada na cintura por uma corda simpática; um véu marrom (ou seria melhor dizer castanho?) e umas sandalhinhas de dedo, bem simplesinhas. Eram tão femininas e delicadas dentro daquela roupa pesada... A túnica as cobria completamente, inclusive as mãos porque as mangas eram grandes demais para elas. O véu escuro, descia até o tornozelo, densa cabeleira com movimento amplo, animado também. Enquanto andavam eu só podia ver seus calcanhares rosados e fortes, recém-nascidos a cada passo. Cheguei mais perto, queria saber sobre o que falavam, até que senti meu rosto queimar de vergonha. Sosseguei e fui acompanhando a dupla, até que elas continuaram em frente, em direção ao mar, meninas do Rio que são; e eu virei à esquerda, seguindo meu caminho para casa.
Amenidades
terça-feira, 30 de junho de 2009
domingo, 28 de junho de 2009
Queijo esquecido
Um cachecol vermelho, esquecido no sofá, se insinuando entre almofadas e mantas e gato.
Volte. Vem semear de pequenos lembretes minha casa imensa e vazia.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Descupinizador
Esteve aqui em casa o desratizador, descupinizador e des-outros-bichos-que-não-me-lembro. Mandei fazer o serviço completo. Arrasta móveis daqui, empurra móveis pra lá e meu roda-pé arrancou-se de tanto cupim. Convivemos e sobrevivemos em pé de igualdade com tantos outros seres... a solidão é mera impressão. O rapaz, de grandes bigodes, (por que eles sempre usam bigodes?), sapatos barulhentos e aquela haste comprida de onde saem todos os venenos, arrasou.
O Haus preso no canil, quando viu aquilo, uivou, alucinado. O Felipe, escafedeu-se. Casa toda fumigada, o maior pampeiro, tratei de sair também, abandonei às traças, o navio.
Quando voltei algumas horas depois, já escurecia e as nódoas do veneno no chão não incomodavam tanto. O serviço tem garantia de 2 anos. Eu não tenho garantia nenhuma. Tomara que os descupinizadores cósmicos se esqueçam de mim.
O Haus preso no canil, quando viu aquilo, uivou, alucinado. O Felipe, escafedeu-se. Casa toda fumigada, o maior pampeiro, tratei de sair também, abandonei às traças, o navio.
Quando voltei algumas horas depois, já escurecia e as nódoas do veneno no chão não incomodavam tanto. O serviço tem garantia de 2 anos. Eu não tenho garantia nenhuma. Tomara que os descupinizadores cósmicos se esqueçam de mim.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Dor
Sentir dor me deixa cansada. Quero parar de brincar...Agora chega de dor.
O ideal seria eu ficar quieta, deixar minhas células se recomporem. Eu ficaria aqui em casa envergonhada de ter caído e reclamando.
Não consigo, quero fazer minhas coisas, seguir minha rotina e meu corpo reclama: - Dói, dói dói, dói. Ou pior: DORRRRRRRRRRRRRRR.
Já contei meu tombo pra tanta gente que perdi a conta. É que está na cara que eu caí. A única alternativa possível teria sido alguém, (o Miguel?) ter esfregado várias vezes o ralador de legumes no meu rosto e depois ter dado uma sequência de socos. Penso todo o tempo em acidentes maiores, de carro, de avião, de trem. Penso nos suicidas que não conseguiram e que sentem uma vergonha dupla.
Quero escrever sobre coisas bonitas, mas dôo tanto...
Suportem por uns dias essas lamentações. Prometo ficar mais animada no fim de semana, mesmo porque minha querida, ex "demenor", estará nos visitando.
O ideal seria eu ficar quieta, deixar minhas células se recomporem. Eu ficaria aqui em casa envergonhada de ter caído e reclamando.
Não consigo, quero fazer minhas coisas, seguir minha rotina e meu corpo reclama: - Dói, dói dói, dói. Ou pior: DORRRRRRRRRRRRRRR.
Já contei meu tombo pra tanta gente que perdi a conta. É que está na cara que eu caí. A única alternativa possível teria sido alguém, (o Miguel?) ter esfregado várias vezes o ralador de legumes no meu rosto e depois ter dado uma sequência de socos. Penso todo o tempo em acidentes maiores, de carro, de avião, de trem. Penso nos suicidas que não conseguiram e que sentem uma vergonha dupla.
Quero escrever sobre coisas bonitas, mas dôo tanto...
Suportem por uns dias essas lamentações. Prometo ficar mais animada no fim de semana, mesmo porque minha querida, ex "demenor", estará nos visitando.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Cheiro de mel
domingo, 21 de junho de 2009
Helena
Nasceu cuspindo, como se eu, interiormente, fosse de chocolate, que ela abomina.
Logo deixou claro que não tinha problemas renais, "fiquem todos calmos".
Quando respirou, baliu tão fracamente que ninguém naquela sala acreditaria que um mês depois estaria cantando ópera para todo o quarteirão ouvir.
Tudo correu bem, ela foi para o berçário sob os protestos do pai, que queria ficar com ela só mais um pouquinho.
Só a vimos novamente à noitinha, para a primeira mamada. Passei o dia louca de saudade, tomei um banho para esperá-la e quando ela chegou ficamos juntas pelejando um pouquinho e logo a enfermeira já veio levá-la. -" Já?" Bem, eu a tinha colocado ao meu lado na cama, (eu e aquele casulinho quente) e o Miguel estava perto, na cama de acompanhante. Estávamos os três exaustos e nossos primeiros momentos juntos passamos dormindo...
A pediatra veio fazer uma visita e afirmou que suas notas ao nascimento foram: 9-10-10. Eu, que estava recostada, sorridente e relaxada, sentei pra perguntar: - nove? Por que nove?
Desde que ela nasceu, aliás desde que eu nasci, eu quero dez, eu quero o máximo, eu quero tudo. E foi com ela que aprendi a respeitar os bons e os maus momentos, a ser mais tolerante, comigo, com ela, com o mundo todo. Fui ficando mais feliz.
O inverno tinha começado no dia anterior e fazia um frio...
Fomos para casa dois dias depois e começamos a conhecer nossa menininha, fortaleza frágil, castelo de cartas sempre reconstruído, cada vez mais determinada, cada dia mais intensa e definitiva.
Com medo de que ela me perdesse, tratei de ensiná-la a ser auto-suficiente, capaz de reagir e seguir em frente. O que eu não sabia é que a convivência com ela me transformaria em alguém mais estruturado, mais definido, um castelo pra valer, de pedras e metais.
Aos 21 anos, ela é uma mulher intensa e apaixonada. Defende suas opiniões com avidez e bons argumentos. Um amigo dela disse certa vez, que ela, mesmo estando errada, está certa. Ela tem convicção e auto-estima e vá lá, não gosta de perder... Mas afinal, quem gosta?
Logo deixou claro que não tinha problemas renais, "fiquem todos calmos".
Quando respirou, baliu tão fracamente que ninguém naquela sala acreditaria que um mês depois estaria cantando ópera para todo o quarteirão ouvir.
Tudo correu bem, ela foi para o berçário sob os protestos do pai, que queria ficar com ela só mais um pouquinho.
Só a vimos novamente à noitinha, para a primeira mamada. Passei o dia louca de saudade, tomei um banho para esperá-la e quando ela chegou ficamos juntas pelejando um pouquinho e logo a enfermeira já veio levá-la. -" Já?" Bem, eu a tinha colocado ao meu lado na cama, (eu e aquele casulinho quente) e o Miguel estava perto, na cama de acompanhante. Estávamos os três exaustos e nossos primeiros momentos juntos passamos dormindo...
A pediatra veio fazer uma visita e afirmou que suas notas ao nascimento foram: 9-10-10. Eu, que estava recostada, sorridente e relaxada, sentei pra perguntar: - nove? Por que nove?
Desde que ela nasceu, aliás desde que eu nasci, eu quero dez, eu quero o máximo, eu quero tudo. E foi com ela que aprendi a respeitar os bons e os maus momentos, a ser mais tolerante, comigo, com ela, com o mundo todo. Fui ficando mais feliz.
O inverno tinha começado no dia anterior e fazia um frio...
Fomos para casa dois dias depois e começamos a conhecer nossa menininha, fortaleza frágil, castelo de cartas sempre reconstruído, cada vez mais determinada, cada dia mais intensa e definitiva.
Com medo de que ela me perdesse, tratei de ensiná-la a ser auto-suficiente, capaz de reagir e seguir em frente. O que eu não sabia é que a convivência com ela me transformaria em alguém mais estruturado, mais definido, um castelo pra valer, de pedras e metais.
Aos 21 anos, ela é uma mulher intensa e apaixonada. Defende suas opiniões com avidez e bons argumentos. Um amigo dela disse certa vez, que ela, mesmo estando errada, está certa. Ela tem convicção e auto-estima e vá lá, não gosta de perder... Mas afinal, quem gosta?
Queda
sábado, 20 de junho de 2009
Um casamento
Cabelos em fogo... Clarice Lispector disse uma vez, que ser ruivo é um protesto involuntário. Bonito. Minha amiguinha ruiva vai se casar hoje. Ela disse-me certa vez, que quando era adolescente, queria tingir os cabelos de castanho. Não gostava de ser a diferente. Talvez seja mesmo difícil ser única entre tantos castanhos e acobreados de salão.
Mas hoje ela será estrela, a mais brilhante, a fogueira da noite.
Brilho vermelho de Marte.
Único e lindo.
Mas hoje ela será estrela, a mais brilhante, a fogueira da noite.
Brilho vermelho de Marte.
Único e lindo.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Sutileza de felino
O Butão, "Terra do Dragão", é um reino bem pequeno, encravado entre a China e a Índia; e Thimphu, a capital do Butão, é também o nome do meu gato branco.
Thimphu costuma ficar encravado entre as almofadas da minha poltrona favorita. Se vou sentar, antes preciso verificar onde ele está , sob pena de ficar com os pelos da nuca eriçados de susto pelo miado esganiçado.
É a melhor poltrona da casa, principalmente no inverno. O sol salpica imagens de luz aquecida e o vento esfumaça o contorno. Ali, o gato mergulha em um sono branco; as montanhas do Himalaia.
Para não perturbá-lo, vou chegando aos poucos e às vezes consigo dividir a poltrona e o sol com ele.
Mas em geral, ele acorda, mia mal-humorado e sai resmungando: - "como você pôde?"
Fico constrangida, mas logo esqueço e começo a navegar. Quase sempre, depois de ter mergulhado aleatoriamente no mundo, percebo a sutileza do felino, que em algum momento deitou-se no meu colo e enrodilhou-se, como se eu fosse propriedade dele...
Thimphu costuma ficar encravado entre as almofadas da minha poltrona favorita. Se vou sentar, antes preciso verificar onde ele está , sob pena de ficar com os pelos da nuca eriçados de susto pelo miado esganiçado.
É a melhor poltrona da casa, principalmente no inverno. O sol salpica imagens de luz aquecida e o vento esfumaça o contorno. Ali, o gato mergulha em um sono branco; as montanhas do Himalaia.
Para não perturbá-lo, vou chegando aos poucos e às vezes consigo dividir a poltrona e o sol com ele.
Mas em geral, ele acorda, mia mal-humorado e sai resmungando: - "como você pôde?"
Fico constrangida, mas logo esqueço e começo a navegar. Quase sempre, depois de ter mergulhado aleatoriamente no mundo, percebo a sutileza do felino, que em algum momento deitou-se no meu colo e enrodilhou-se, como se eu fosse propriedade dele...
terça-feira, 16 de junho de 2009
Pranchas e guarda-chuvas
O gingado característico dos meninos das praias deve ter a ver com carregar pranchas de surfe.
Nunca participei de uma aula de surfe mas os professores devem instruir sobre como caminhar na praia, andar de bicicleta, tomar uma água de coco sem "pranchear" as pessoas em volta. Aquilo é uma arma. Os meninos carregam a prancha na horizontal que forma um T com seus corpos esguios. Volteiam pra lá e pra cá e todo mundo parece sair incólume. Deve haver um segredo...
Eu sempre tive medo e só de pensar que uma prancha pode me atingir quando estou pegando um jacaré, sinto um frio no estômago e quero voltar para a areia. Ou para o calçadão que é definitivamente o meu lugar.
Em São Paulo, não há praia, mas há chuva. Muita chuva. E lá meu maior problema são os guarda-chuvas... Avenida Paulista, chuvarada de fim de tarde, todo mundo saindo do trabalho, todos armados com seus guarda-chuvas abertos. Como sou ligeiramente mais alta que a média das pessoas, as malditas pontas de guarda-chuvas ficam bem na altura dos meus olhos. Assim, se estou sem o meu, fecho os olhos e saio tateando as pontas e me esquivando. Quando estou com a sombrinha aberta, uso meio inclinada, para me proteger das pontas muito mais do que dos pingos de chuva.
Saudade das minas gerais...
Nunca participei de uma aula de surfe mas os professores devem instruir sobre como caminhar na praia, andar de bicicleta, tomar uma água de coco sem "pranchear" as pessoas em volta. Aquilo é uma arma. Os meninos carregam a prancha na horizontal que forma um T com seus corpos esguios. Volteiam pra lá e pra cá e todo mundo parece sair incólume. Deve haver um segredo...
Eu sempre tive medo e só de pensar que uma prancha pode me atingir quando estou pegando um jacaré, sinto um frio no estômago e quero voltar para a areia. Ou para o calçadão que é definitivamente o meu lugar.
Em São Paulo, não há praia, mas há chuva. Muita chuva. E lá meu maior problema são os guarda-chuvas... Avenida Paulista, chuvarada de fim de tarde, todo mundo saindo do trabalho, todos armados com seus guarda-chuvas abertos. Como sou ligeiramente mais alta que a média das pessoas, as malditas pontas de guarda-chuvas ficam bem na altura dos meus olhos. Assim, se estou sem o meu, fecho os olhos e saio tateando as pontas e me esquivando. Quando estou com a sombrinha aberta, uso meio inclinada, para me proteger das pontas muito mais do que dos pingos de chuva.
Saudade das minas gerais...
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Desenhos do mundo.
Uma linha tênue e ligeiramente curva desenha o horizonte, no mar.
Fui seguindo com o olhar este desenho até chegar a um navio que pontuava a linha.
Aquele montão de mar e um naviozinho interrompia a harmonia e se desenhava duramente em vermelho e branco.
Fiquei pensando em todas as linhas interrompidas na superfície do mar.
E fiquei muito triste.
Fui seguindo com o olhar este desenho até chegar a um navio que pontuava a linha.
Aquele montão de mar e um naviozinho interrompia a harmonia e se desenhava duramente em vermelho e branco.
Fiquei pensando em todas as linhas interrompidas na superfície do mar.
E fiquei muito triste.
domingo, 14 de junho de 2009
Essa é bruta!
Enquanto estava cursando a faculdade de Medicina Veterinária aqui no Rio, participei de atividades variadas e curiosas. Fomos, certa vez, passar um fim de semana na fazenda, onde poderíamos manipular os animais e fazer pequenas cirurgias. Em um dia cheio de emoções, aprendemos a colocar cabritos no chão, deitados de lado, imobilizados para qualquer procedimento.
A maioria dos meus colegas é bastante jovem, eu sempre soube que tarefas em campo poderiam ser um problema para mim. No curral, além dos cabritos assustados, estavam os colegas, o professor e os peões da fazenda, curiosos e olhando divertidos nossa falta de jeito.
Resolvi que ia mostrar serviço. Chegou minha vez. Seguindo a orientação do professor, agarrei firmemente uma orelha e o rabo do meu cabrito, apoiei o joelho na lateral de sua barriga, levantei o animal do chão e pressionando com o joelho para frente, deitei o bicho de primeira.
Foi aí que ouvi um peão falando pro outro, admirado: "-Essa é bruta!"
A maioria dos meus colegas é bastante jovem, eu sempre soube que tarefas em campo poderiam ser um problema para mim. No curral, além dos cabritos assustados, estavam os colegas, o professor e os peões da fazenda, curiosos e olhando divertidos nossa falta de jeito.
Resolvi que ia mostrar serviço. Chegou minha vez. Seguindo a orientação do professor, agarrei firmemente uma orelha e o rabo do meu cabrito, apoiei o joelho na lateral de sua barriga, levantei o animal do chão e pressionando com o joelho para frente, deitei o bicho de primeira.
Foi aí que ouvi um peão falando pro outro, admirado: "-Essa é bruta!"
sábado, 13 de junho de 2009
Ouvir, verbo de transição
Tem gente que nunca ouve. Os ouvidos estão ocupados por fones de ouvido. Conversar, faz tempo, deixou de ser divertido, é enfadonho. Trocar ideias nem pensar, cada um na sua opinião.
Trocava cartas de amor, trocava figurinhas e às vezes trocava dinheiro. Agora mal troco bons dias.
Faz tempo, namorar era sentar juntinho no sofá da sala e trocar carinhos, beijos, juras.
Minha filha divide. Divide o namorado com os amigos, convida todo mundo para ver o sol se por e compartilha suas ideias e decepções com um monte de gente, no twitter.
Estou tentando acompanhar este vendaval.
Só espero que não haja problemas no meu pitot.
Trocava cartas de amor, trocava figurinhas e às vezes trocava dinheiro. Agora mal troco bons dias.
Faz tempo, namorar era sentar juntinho no sofá da sala e trocar carinhos, beijos, juras.
Minha filha divide. Divide o namorado com os amigos, convida todo mundo para ver o sol se por e compartilha suas ideias e decepções com um monte de gente, no twitter.
Estou tentando acompanhar este vendaval.
Só espero que não haja problemas no meu pitot.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
B-I-C-I-C-L-E-T-A
Hoje está um dia claro e fresco. Resolvi pedalar na praia. Peguei minha garrafinha de água, coloquei no suporte da minha magrinha e fui saindo, animada. Na rua percebi que os pneus estavam muito vazios. Voltei. Onde está a bomba de calibragem? Ali. Não dava pressão. Os pneus ficaram mais murchos que antes. Resolvi ir até a portaria do condomínio, ao lembrar que como os seguranças fazem suas rondas de bicicleta, eles deveriam ter alguma bomba por ali. Tinham, mas estava quebrada também. Voltei para casa, injuriada, procurei pelas outras duas bombas que tenho certeza, estão bem guardadas...Não achei. Detesto quando planejo alguma coisa e não sai. Aí lembrei da minha bicicleta velhinha, que eu comprei num impulso logo que mudamos pro Rio. Ela estava em forma, pneus calibrados e eu pude sair com ela. Pensava em quanto sou teimosa; entrei fechado demais em uma curva e quase caí. Lembrei de quando eu resolvi aprender a andar de bicicleta e fiquei rindo sozinha. Bom, eu não sou a única nesta família que prima pela teimosia. Todas somos muito custosas e quando nos reunimos, há sempre discussões figadais. Cada uma tem seu ponto de vista e o defende vivamente e em geral cada uma vai embora com a própria opinião ainda mais elaborada.
Eu resolvi aprender a andar de bicicleta em umas férias que passei na fazenda do Hércules. Puxei fundo pelos meus neurônios mais antigos, mas não me lembro porque decidi aprender a andar de bicicleta naquele dia. Com certeza, alguém zombou de mim e eu encafifei. Lá havia uma bicicleta bem velha, sem freios, pneus carecas e murchos, guidon meio torto. O espaço que eu tinha para aprender era em um declive do terreno, de terra batida e era preciso fazer curvas bem fechadas, porque ali em volta daquela pequena clareira, havia muitos limoeiros. Com a companhia de algumas galinhas e pintinhos alvoroçados, penei! Não sei quantas vezes caí e levantei e teimei. Mas acabei pegando o jeito e feliz e cansada, suja de terra e coberta de arranhões fui tomar banho.
Em tempo. Meus irmãos também são muito teimosos, apenas fazem menos barulho...
Eu resolvi aprender a andar de bicicleta em umas férias que passei na fazenda do Hércules. Puxei fundo pelos meus neurônios mais antigos, mas não me lembro porque decidi aprender a andar de bicicleta naquele dia. Com certeza, alguém zombou de mim e eu encafifei. Lá havia uma bicicleta bem velha, sem freios, pneus carecas e murchos, guidon meio torto. O espaço que eu tinha para aprender era em um declive do terreno, de terra batida e era preciso fazer curvas bem fechadas, porque ali em volta daquela pequena clareira, havia muitos limoeiros. Com a companhia de algumas galinhas e pintinhos alvoroçados, penei! Não sei quantas vezes caí e levantei e teimei. Mas acabei pegando o jeito e feliz e cansada, suja de terra e coberta de arranhões fui tomar banho.
Em tempo. Meus irmãos também são muito teimosos, apenas fazem menos barulho...
terça-feira, 9 de junho de 2009
Pacotão
O meu tempo é o quente, não consigo fazer as pazes com o inverno, mesmo aqui no Rio.
Faço tudo devagar, quase dolorida. Preciso que todos falem baixo, não, por favor, faça seu menino calar. O avião faz muito barulho, o vento é ruidoso, ai a campainha! Fui lá ver, vieram entregar um pacote. Pacotão. Fiquei curiosa, mas nem era pra mim...Fiquei pensando em abrir, ora, ele nem vai se importar... Chacoalho. Barulho tilintante. Ai, barulho! Onde eu estava mesmo? Coloquei o pacote sobre a mesa e fui buscar um café. Quente. Bom. É um auto-abraço. De dentro pra fora.
Um pacote embrulhado em papel pardo, enviado por uma empresa da qual nunca ouvi falar.
Como sou uma moça educada, não vou abrir o pacote, mas queria que fosse pra mim. Quero abrir o embrulho com força, destroçar o papel, rasgar a embalagem.Telefono: -"Oi, chegou um pacotão..." Ele não esperava encomendas... Vou ter que esperar até à noite.
Falta do que fazer. Vou andar um pouco. Eu, meu cachorro, minha curiosidade e a sua.
Pois é. O inverno é traiçoeiro.
Faço tudo devagar, quase dolorida. Preciso que todos falem baixo, não, por favor, faça seu menino calar. O avião faz muito barulho, o vento é ruidoso, ai a campainha! Fui lá ver, vieram entregar um pacote. Pacotão. Fiquei curiosa, mas nem era pra mim...Fiquei pensando em abrir, ora, ele nem vai se importar... Chacoalho. Barulho tilintante. Ai, barulho! Onde eu estava mesmo? Coloquei o pacote sobre a mesa e fui buscar um café. Quente. Bom. É um auto-abraço. De dentro pra fora.
Um pacote embrulhado em papel pardo, enviado por uma empresa da qual nunca ouvi falar.
Como sou uma moça educada, não vou abrir o pacote, mas queria que fosse pra mim. Quero abrir o embrulho com força, destroçar o papel, rasgar a embalagem.Telefono: -"Oi, chegou um pacotão..." Ele não esperava encomendas... Vou ter que esperar até à noite.
Falta do que fazer. Vou andar um pouco. Eu, meu cachorro, minha curiosidade e a sua.
Pois é. O inverno é traiçoeiro.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Namorado
Se eu estiver aflita, leve-me para o quarto, faça-me um carinho; finja que sou pequena e adorável, que vou viver para sempre, que estará sempre ao meu lado.
Traga-me um doce da rua, alguma coisa doce para dizer, agradar, adoçar.
Fale comigo de perto, ao lado, adiante, em frente, fale como se eu fosse a única, ou pelo menos a mais completa.
Diga sempre que escrevo bem, que devo escrever um livro, que está empolgado com minhas histórias.
Salpique seu amor pelo meu caminho, envie um torpedo convidando-se para almoçar em casa, não vá trabalhar, fica comigo, fica.
Traga-me um doce da rua, alguma coisa doce para dizer, agradar, adoçar.
Fale comigo de perto, ao lado, adiante, em frente, fale como se eu fosse a única, ou pelo menos a mais completa.
Diga sempre que escrevo bem, que devo escrever um livro, que está empolgado com minhas histórias.
Salpique seu amor pelo meu caminho, envie um torpedo convidando-se para almoçar em casa, não vá trabalhar, fica comigo, fica.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Preciso falar do livro que não tem fim
Preciso falar do livro que não tem fim. Aconteceu comigo! Minha irmã recomendou um livro, de um autor que gosto muito. Comprei e comecei a leitura. Desde o princípio o livro é envolvente, não conseguia parar de ler, não queria que precisassem de mim, vai, deixem-me, estou lendo, estou lendo. A história vai ficando mais densa, os personagens se desenvolvem e fluem pelas páginas. O personagem principal deverá dar uma volta ao mundo. Ele começa por Portugal. E é ali que ele vai ficando, criando lastros. Mas, gente, faltavam menos de 50 páginas...Fiquei muito aflita, bebendo as folhas, não entendia como o autor iria terminar esta volta ao mundo em 50 páginas. Faltavam menos de dez, quando compreendi. Tinha sido seu último livro. Inacabado...
Música, por favor!
Na estação Paraíso, estarei esperando que alguém me comunique: O defeito é aqui! Bem nesta luzinha que acende azul em vez de verde.
Ah tá. Então troca! Primeiro vamos tentar consertar. Demora umas duas semanas, não precisa se preocupar, nós ligaremos para dar o orçamento. Mas está na garantia! Ah é. Então aguarde que comunicaremos quando vir buscar. Escuta, preciso da minha música, vocês não podem emprestar um enquanto aguardo o conserto? Senhora, imagine se todos que viessem aqui, pedissem isso! Tantos assim? Então é um defeito de série. É sério isso.
Bom, aguarde nossa ligação.
A princípio, poderia ser a bateria. Mas, não. Mesmo carregadinho, de repente, o troço surta, se extrema, não aumenta, não diminui, não muda de faixa. Eu devo parecer enlouquecida clicando assim freneticamente e diminuindo o passo, agora que não me bastam o som do mar e do vento.
Eu quero música.
Ah tá. Então troca! Primeiro vamos tentar consertar. Demora umas duas semanas, não precisa se preocupar, nós ligaremos para dar o orçamento. Mas está na garantia! Ah é. Então aguarde que comunicaremos quando vir buscar. Escuta, preciso da minha música, vocês não podem emprestar um enquanto aguardo o conserto? Senhora, imagine se todos que viessem aqui, pedissem isso! Tantos assim? Então é um defeito de série. É sério isso.
Bom, aguarde nossa ligação.
A princípio, poderia ser a bateria. Mas, não. Mesmo carregadinho, de repente, o troço surta, se extrema, não aumenta, não diminui, não muda de faixa. Eu devo parecer enlouquecida clicando assim freneticamente e diminuindo o passo, agora que não me bastam o som do mar e do vento.
Eu quero música.
terça-feira, 2 de junho de 2009
Para onde vamos?
Neste dia frio, inverno tropical, capitulamos.
Vamos chorar um pouco e depois seguir adiante.
Moto contínuo do mundo.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
O frio
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